O Cristianismo originou-se na Palestina, e difundiu-se rapidamente por todo o Mediterrâneo sendo, ao final do quarto século, reconhecido como a religião oficial do novo Império Romano ou Império Bizantino. No contexto histórico, foi um movimento religioso unificado. O Cristianismo Católico Ortodoxo permaneceu com sua essência original. Seus cinco maiores centros administrativos estavam localizados em Roma, Constantinopla (atualmente Istambul), Alexandria, Antioquia e Jerusalém. A definição da doutrina e normas cristãs foi conseguida através dos grandes Concílios Ecumênicos, o primeiro dos quais foi reunido em 325 A.C.
Fundada por Cristo e na fé de Seus doze Apóstolos, a Igreja Ortodoxa nasceu no ano 33 da era cristã, dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo apareceu aos Apóstolos reunidos no Cenáculo. Surgiu na Palestina com Jesus Cristo e expandiu-se com os Apóstolos. Desde seu nascimento, tem padecido e sofrido terríveis perseguições desde o Império romano, passando pelo muçulmano turco, até nossos dias. Foi na cidade de Antioquia onde os primeiros crentes em Jesus Cristo começaram a chamar-se, pela primeira vez, Cristãos, denominação usada até hoje. Logo após, a pregação cristã chegou até Roma, capital do Império Romano, onde o Apóstolo São Paulo formou a primeira comunidade cristã, constituída de várias famílias. Da cidade de Roma, o Evangelho foi propagado para todo o Ocidente e outras partes do mundo.
A administração dos cristãos era exercida pelos bispos; aquele que mais autoridade tinha em sua região, usava o título de Patriarca, sendo cinco patriarcados nos primeiros séculos: Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém. Todos eles, com iguais direitos, eram independentes na administração de suas respectivas regiões e, iguais entre si. A mais alta autoridade da Igreja Cristã era, e ainda continua a sê-lo, o Concílio Ecumênico, cujas decisões são obrigatórias para toda a Igreja. O triunfo do Cristianismo se determinou no terceiro século após a morte de Cristo, motivado pela paz decretada por Constantino, Imperador de Roma.
Atualmente a Igreja Ortodoxa é uma comunhão de Igrejas autogovernadas, independentes administrativamente, mas unidas em seus dogmas, fé e espiritualidade. Todas reconhecem o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, que é reconhecido como "primus inter pares", primeiro entre iguais. Todas têm comunhão umas com as outras, porém o assunto interno de cada uma é administrado pelo bispo responsável por aquela igreja. Todas têm igual responsabilidade quanto ao ato de propagar e preservar a fé e a Igreja Cristã. Além dos quatro antigos Patriarcados, com suas várias subdivisões geográficas e eclesiásticas, também há muitas Igrejas Cristãs Ortodoxas independentes. Igrejas Ortodoxas autônomas menores e missões podem ser encontradas em todos os continentes ao redor do mundo.
Diferentes Denominações.
Há várias designações para a Igreja Ortodoxa e vai de acordo com a localidade e a época do seu surgimento em cada região. Esse é um dos traços marcantes da igreja que vem fazendo sua história há mais de 2.000 anos. A palavra "Ortodoxa" é derivada de duas pequenas palavras gregas: "orthos" que significa correta e "doxa" significando fé ou glorificação. É também denominada "Igreja Grega" porque o grego foi a primeira língua da Igreja Cristã antiga, através da qual nossa Fé foi transmitida. O Novo Testamento foi escrito em grego, e os primitivos escritos dos antigos seguidores de Cristo eram em língua grega. É também conhecida como "Igreja Oriental" para distinguí-la das Igrejas do Ocidente. Isso por que a influência da igreja estava concentrada na parte oriental do mundo cristão, além do fato de que boa parte dos seguidores não necessariamente era de origem grega. Dessa forma, os Cristãos Ortodoxos por todo o mundo usam vários títulos étnicos ou nacionais: "gregos", "russos", "sérvios", "romenos", "ucranianos", "búlgaros", "antioquinos", "albaneses", "cárpato-russos", ou de forma mais abrangente, "Ortodoxos Orientais":
No Credo Niceno de fé a Igreja é definida como a "Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica": "Una" porque apenas pode haver uma só Igreja verdadeira, com um só chefe que é Cristo. "Santa" porque a Igreja procura santificar e transformar seus membros através dos Sacramentos. "Católica" porque a Igreja é universal e tem membros em todas as partes do mundo. "Apostólica" porque sua doutrina está estabelecida sobre os fundamentos colocados pelos Apóstolos, de quem a Igreja recebeu seus ensinamentos e autoridade sem ruptura ou mudança .
As diferentes denominações têm seus limites, se considerarmos o fato de que atualmente o cristianismo ortodoxo não está limitado ao Oriente, ao contrário, há inúmeros ortodoxos cristãos que vivem no Ocidente e que cada dia têm se tornado mais integrado de forma espiritual, intelectual e cultural ao Ocidente, assim como a igreja tem se adequado aos padrões de vida dos ocidentais, não perdendo suas características e formação básica, mas expandindo seus ensinamentos ao mundo ocidental.
As Diferentes Doutrinas e os Sacramentos da Igreja Ortodoxa
A principal diferença entre a Igreja Ortodoxa e a Católica Romana constitui-se no fato da infalibilidade papal e da pretensa supremacia universal da jurisdição de Roma, que a Igreja Ortodoxa não admite, pois ferem a Sagrada Escritura e a Santa Tradição. Existem, ainda, outras distinções, relacionadas em dois grupos básicos: diferenças gerais e diferenças especiais.
Diferenças Gerais
São dogmáticas, litúrgicas e disciplinares, sendo elas: A Igreja Ortodoxa só admite sete Concílios; aceita apenas a procedência do Pai; a Sagrada Escritura e a Santa Tradição representam o mesmo valor como fonte de Revelação; a consagração do pão e do vinho, durante a missa, no Corpo e no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, efetua-se pelo Prefácio, Palavra do Senhor e Epíclese; considera a infalibilidade uma prerrogativa de toda a Igreja e não de uma só pessoa; entende que as decisões de um Concílio Ecumênico são superiores às decisões do Papa de Roma ou de quaisquer hierarquias eclesiásticas; não concorda com a supremacia universal do direito do Bispo de Roma sobre toda a Igreja Cristã; reconhece somente uma primazia de honra ou uma supremacia de fato; a Virgem Maria, igual às demais criaturas, foi concebida em estado de pecado original; a Igreja Ortodoxa repele a agregação do "Filioque”; nega a existência do limbo e do purgatório; admite a existência de um Juízo Universal para apreciar o destino das almas, imediatamente, logo após a morte; o Sacramento da Santa Unção pode ser ministrado várias vezes aos fiéis em caso de enfermidade corporal ou espiritual; o ministro comum do Sacramento do Crisma é o Padre; não admite a existência de indulgências; no Sacramento do Matrimônio, o Ministro é o Padre e não os contraentes; em casos excepcionais, ou por graves razões, a Igreja Ortodoxa acolhe a solução do divórcio; são distintas as concepções teológicas sobre religião, Igreja, Encarnação, Graça, imagens, escatologia, Sacramentos, culto dos Santos, infalibilidade, Estado religioso.
Diferenças Especiais
Substitui algumas diferenças disciplinares ou litúrgicas que não transferem dogma a doutrina: na Igreja Ortodoxa, só se permitem ícones nos templos; os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o matrimônio; o batismo é por imersão; no Sacrifício Eucarístico, usa-se pão com levedura; os calendários ortodoxos são diferentes, especialmente, quanto à Páscoa da Ressurreição; a comunhão dos fiéis é efetuada com as espécies, pão e vinho; não existem as devoções ao Sagrado Coração de Jesus, Corpus Christi, Via Crucis, Rosário, Cristo-Rei, Imaculado Coração de Maria e outras comemorações semelhantes; o processo da canonização de um santo conta com a atuação da maior parte do povo no reconhecimento de seu estado de santidade; existem, somente, três ordens menores na Igreja Ortodoxa: leitor, acólito e sub-diácono; o Santo Mirão e a Comunhão na Igreja Ortodoxa se efetuam imediatamente após o Batismo; na fórmula da absolvição dos pecados e no Sacramento da Confissão, o sacerdote ortodoxo absolve não em seu próprio nome, mas em nome de Deus; a Ortodoxia não admite o poder temporal da Igreja.A Santa Igreja Católica Apostólica Ortodoxa conservou os dez mandamentos da Lei de Deus em sua forma original, sem a menor alteração.
Sacramentos
Os principais sacramentos da Igreja Ortodoxa são: o Batismo, Crisma, Sagrada Comunhão, Confissão, Unção, Matrimônio e Ordens Sacras. Podem ser recebidos por um cristão ortodoxo de qualquer nacionalidade e em qualquer templo da Igreja Ortodoxa. Os quatro primeiros são obrigatórios, os três últimos, opcionais.
Batismo: O Batismo na Água de adultos e crianças é celebrado pela tríplice imersão em nome da Santíssima Trindade. É uma iniciação na Igreja, perdão dos pecados e início da vida Cristã.
Crisma: O Sacramento do Crisma (Confirmação), de conformidade com o costume antigo, é ministrado imediatamente após o batismo como um sinal dos divinos dons do Espírito Santo para o novo Cristão.
Sagrada Comunhão: A Sagrada Comunhão, conhecida como a Divina Liturgia, é o culto principal e é celebrada todos os Domingos e Dias Santos durante o ano litúrgico. A Ortodoxia conserva uma forte concepção sacramental. Os Sacramentos são sinais visíveis de uma invisível Graça Divina. Os elementos de pão e vinho na Sagrada Eucaristia são aceitos como sendo o verdadeiro Corpo e Sangue de Jesus Cristo recebidos para a remissão dos pecados e a vida eterna.
Confissão: ou Sacramento de Penitência, é considerada necessário para o desenvolvimento e crescimento espiritual de um fiel. Geralmente é conduzido privadamente, na presença e sob a direção de um padre e confessor espiritual.
Unção Sagrada: o sacramento dos enfermos, é uma aplicação de santos óleos e orações para aqueles que sentem necessidade de cura de corpo e alma. Todavia, não é exclusivamente uma "extrema unção"
Matrimônio: O Casamento Cristão é um Sacramento de união de um homem e uma mulher para complemento mútuo e propagação da espécie. Deve ser celebrado por um sacerdote ortodoxo como representante da comunidade de fé.
Ordens Sacras: ou Sacramento do Sacerdócio é compreendido como um ministério especial de serviço na Igreja e pela Igreja. As três ordens maiores do clero são diácono, presbítero e bispo. Os bispos são consagrados por pelo menos três outros bispos. Os sacerdotes ortodoxos muitas vezes são homens casados, contudo eles devem casar antes da ordenação. Os bispos são escolhidos dentre o clero monástico que têm o voto do celibato.