quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Uma Lenda Árabe sobre a Fé

A Fé

Conta-se que um velho árabe analfabeto, orava com tanto fervor e com tanto carinho todas as noites, que certa vez um rico chefe de grande caravana chamou-o a sua presença e lhe perguntou: - Por que oras com tanta fé? - Como sabes que Deus existe, quando nem ao menos sabes ler? O crente fiel respondeu: Grande Senhor, conheço a existência de Nosso Pai Celestial pelos sinais Dele. Como? Indagou o chefe admirado.
E o humilde servo explicou-se: Quando o senhor recebe uma carta de uma pessoa ausente, como reconhece quem a escreveu? Pela letra, pelo estilo, pela maneira de se expressar. Quando o senhor recebe uma jóia, o que o informa quanto ao valor dela?
A marca do ourives. O velho árabe sorriu e acrescentou. Quando ouve passos de animais ao redor da tenda, como sabe se foi um carneiro, um cavalo ou um boi?
Pelos rastros, respondeu o chefe surpreendido. Então o velho crente, convidou-o para fora da barraca e, mostrando-lhe o Céu, onde a Lua brilhava cercada por multidões de estrelas, exclamou respeitoso. Senhor, aqueles sinais lá em cima, não podem ser dos homens. Tudo revela o poder, a justiça e a bondade de Deus. A beleza e a perfeição do Universo demonstram uma sabedoria, prudência e precisão, que ultrapassa todas as faculdades humanas.
O nome de um ser, soberanamente grande e sábio, acha-se inscrito em todas as obras da criação, desde o minúsculo broto da mais tenra planta e do menor inseto, até os astros que se movem no espaço; em toda parte há prova de uma paternal solicitude. Cego é pois, aquele que desconhece. Orgulhoso o que não lhe glorifica e ingrato o que não lhe rende graças. A beleza do mar e a vida que ali encerra. Da vida que dele vem, desde os primórdios da existência do Planeta. As manchas verdes que aparecem sobre as rochas, são formadas de liquens vindo das águas por ação da fotossíntese. Um início de vida vegetal e animal, vindo das águas com moluscos, peixes e crustáceos. Até nossos dias, é o mar, considerado o grande repositório da vida através do plâncton, animais e vegetais que vivem em contato com o fundo do oceano. È a vida para alimentar toda a fauna marinha. As plantas e os insetos que equilibram a existência da vida de todos os seres.
No momento em que o primeiro raio de Sol atinge a copa de uma árvore e ilumina as suas folhas, iniciam-se naquele minúsculo laboratório que é a célula vegetal, um assombroso fenômeno que torna possível a vida na terra. O sol oferece as plantas verdes, a energia necessária e suficiente para a produção constante de substâncias orgânicas essenciais. É a clorofila que permite o funcionamento de tão importante acontecimento. Pelos poros, a folha absorve moléculas de gás carbônico do ar, enquanto recebe pelas raízes moléculas de água. Nessa água encontram-se diluídos sais minerais de diversos tipos. E processa-se então o grande equilíbrio para todos os seres viventes. A Planta retém para si o gás carbônico, indispensável a sua subsistência e libera o oxigênio para a vida animal. Os animais e as aves, também são bênçãos que o Criador colocou em nosso mundo. As aves com sua plumagem e seu canto mavioso, nos oferece lindo ornamento, ao mesmo tempo em que equilibram a natureza, destruindo insetos e parasitas daninhas que infestam as plantações. Os animais por sua vez, fornecem o gás carbônico aos vegetais, numa permuta constante e benéfica. São também nossos irmãos irracionais, mas de grande serventia em todos os aspectos, para beneficio da criatura humana.
Tudo isso Nosso Pai nos oferece neste Mundo. Saibamos ser agradecidos, e oferecer nosso sentimento de adoração ao ser supremo que é o nosso Pai do Céu. Nesse momento, o orgulhoso homem das caravanas de olhos lacrimosos, ajoelhou-se na areia escaldante do deserto e começou a orar também.


Turismo nos Países Árabes

Turismo nos Países Árabes

Ao todo são 23 os países que perfazem o mundo árabe. Todos tem em comum a língua árabe como idioma oficial e o islamismo como religião da maioria dos habitantes. No entanto não podemos dizer que são iguais em costumes e hábitos, por isso sempre mencionamos como “mundo árabe” devido às diferenças, inclusive linguísticas, em determinadas regiões e isso inclui a própria geografia. Cada um dos países contidos nesse mundo árabe tem um clima, fauna, flora, e atrações turísticas diferentes, o que os torna ainda mais interessantes.

Mauritânia
Inicialmente o país foi explorado pelos portugueses tendo sua área organizada como território em 1904 pelos franceses. Tornou-se independente em 1960 e somente no ano seguinte foi reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas). A Mauritânia (Terra dos Mouros - em latim) é povoada desde a antiguidade. Localizada no Noroeste da África tem duas realidades culturais bem distintas: o norte é habitado por maioria árabe e o sul tem a sua maioria de povos negros. O deserto do Sahara ocupa a maior parte do território e a grande área fértil está localizada na região sul às margens do Rio Senegal, usado principalmente para o cultivo de tâmaras e cereais. Além disso a extração de ferro e a pesca marítima são as principais fontes de renda do país.

Alguns dos principais pontos turísticos do país:

Parque Nacional Banc d'Arguin
- considerado Patrimônio da Humanidade o parque habita diferentes espécies de aves da região que lá vivem ou que para lá vão, em determinada época do ano, para a reprodução.

Koumbi Saleh – capital do império medieval de Ghana é o sítio arqueológico mais famoso da Mauritânia. Um enorme mesquita foi encontrada em 1913 quando parte da cidade foi escavada, dando indícios de que milhares de pessoas já viveram alí.

Centro Nõmade de Atar – onde os nômades do país vão para fazer compras e principalmente para se casarem. O mercado central é um dos pontos mais interessantes de Atar, além da estreitas ruas da região de Ksar.

Nouakchott – a capital e maior cidade do país. É ponto de ligação entre a população urbana e a população nõmade da Mauritânia. A cidade possui um largo reservatório de água conhecido como Lago Trarza. Entre os pontos turísticos estão o Museu de Nouakchott, os mercados, principalmente o Mercado da Prata e as muitas praias locais.

Djibouti
Localizado em um planalto quente e árido o país fica na região conhecida como Chifre da África. Seu território é repleto de lagos de água salgada e cadeias de montanhas, algumas com altitudes que chegam a 1.600 metros. A área costeira do país está separada dos planaltos por uma cordilheira que chega a 2.000 metros de altitude. A maiore região do país é a de Tadjourah e a segunda a de Dikhil. No entanto a mais importante é a cidade de Djibuti, capital política e financeira do Estado africano.
O clima do país é típico de deserto, árido e seco. Colonizada pelos franceses, o país foi parte da Somália Francesa e teve sua independência proclamada apenas em 1977.

Os principais pontos turísticos do país são:

Região dos Lagos – que contém o LacAssal situado a 150 m abaixo do nível do mar, é envolto por vulcões adormecidos e campos de lava. No caminho pode-se passar pelo Lac Goubet, conhecido como cova dos demônios, com água salgada e um vulcão que separa os dois lagos.

Tadjoura – possui picos localizados a menos de 10 km da cidade e que chegam a ter 1.300 metros de altura. Conta com a belíssima paisagem do mar de corais próximo à costa, perfeitos para a prática de mergulho. A melhor maneira de se chegar é através de barco.

Ali Sabieh – para se chegar até a cidade passa-se pelas espetaculares planícies de Petit Bara e Grand Bara, além das tendas “huts” ao redor da cidade.

Tunísia
A República da Tunísia, está localizada no Norte da África e faz fronteira com a Itália, próximo à Ilha de Pantalaria e Ilhas Pélagas, além de fazer fronteira a leste e ao sul com a Líbia e a oeste com a Argélia. De clima mediterrâneo com invernos frios e verões quentes e secos o país é muito visitado por sua semelhança com algumas das ilhas gregas. Na região Norte do país encontra-se o Monte Atlas e o único rio do país, o Rio Medjerda, que tem em todo o seu vale o desenvolvimento da agricultura. O país é rico de tradições e cultura e contrasta seus vales e planaltos verdejantes ao norte com o deserto ao sul. Na região de Hammamet, Sousse, Port El Kantaoui e Monastir estendem-se quilometros de belas praias de areia fina, sendo atualmente uma das estâncias balneares mais famosas do país.

Os principais pontos turísticos da Tunísia são:

Chott El Jerid – Lago salgado que atravessa o país de leste à oeste e que permanece a maior parte do tempo seco na sua superfície. No entanto, a um metro de profundidade, há água salgada que aflora à superfície em caso de chuva. Cartago e Douga – são ruínas de antigas cidades. Douga, em melhor estado de conservação, possui vários templos, um grande anfiteatro, termas e casas. Já Cartago, antiga capital cartaginense, foi destruída inúmeras vezes pelos romanos, que reutilizaram o material nela empregado, para outras construções. Restam ainda ruínas das Termas de Antonino. Matmata – está localizada na região sul da Tunísia onde há habitações trogloditas. São habitações escavadas nas escarpas dos montes, ficando praticamente camufladas. Acabam por ser utilizadas tanto como abrigo contra o frio e o calor intenso da região e também contra ataques inimigos.

Deserto de dunas – ao sul da Tunísia, o deserto do Saara tem início com um grande deserto de dunas. Muitos passeios de camelo se originam nessa região.

Museu do Bardo – Localizado na capital Túnis é o museu mais conhecido do país e possui uma vasta coleção de peças arqueológicas, quadros, cerâmicas, pinturas, entre outros. Vale uma tarde inteira de visita no local.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O "Democrático" Iraque

“O Novo e Democrático Iraque”: 2 milhões de viúvas, 1,5 milhão de separadas e 4 milhões de analfabetas

Naual Al Samaraii, ministra de Estado dos assuntos da mulher no Iraque, afirmou em declaração à imprensa que a guerra mentirosa do presidente Bush contra o terrorismo, para a libertação do país e sua “democratização”, não apenas desmantelou o Iraque em sua infra-estrutura básica como também desmanchou a nação por completo. Além de implantar a divisão étnica e religiosa no país, extinta ou, ao menos, adormecida até a invasão, também deixou a mulher iraquiana como nunca se viu antes: completamente arruinada. Aproximadamente dois milhões de mulheres iraquianas ficaram viúvas, além de 1,5 milhão de separadas, em função da falta de perspectivas e da insegurança econômico-familiar, e mais de 4 milhões de analfabetas sem qualquer condição de frequentar as escassas escolas que sobraram depois da guerra.
Na època da “ditadura de Sadam Hussein”, desde a década de 70, haviam desaparecido as diferenças entre homens e mulheres e todos os direitos eram garantidos para que a porcentagem entre esses, na formação acadêmica, fosse igual. Além disso o índice de desempregadas não passava de 2%, e a oportunidade de trabalho era garantida para ambos. Em compensação, as mulheres atualmente sofrem com a completa falta de segurança e com a perda de todos os seus direitos, devido a completa desordem instalada no país. Muitas delas se viram sem nenhuma saída e acabaram se entregando às milícias, tornando-se guerrilheiras; outras optaram por tornarem-se mulheres bomba tendo em vista a falta de perspectiva no futuro. Outras ainda, que se viram repentinamente na rua, acabaram se entregando à todo tipo de desgraça, de modo a garantir o pão do dia-a-dia. De acordo com Samaraii, essa situação tem-se tornado cada vez mais difícil, e tem aumentado o número de vítimas da nova “democracia” americana. De acordo com a ministra, “se o Iraque hoje, ficasse livre da invasão americana e voltasse a ter um governo para cuidar do país, necessitaríamos de dezenas de anos para restabelecer a ordem e para fazer com que as mulheres retornassem à situação em que se encontravam antes da guerra”.

Império de Papel

Império de Papel
*Isssam Dary

A crise financeira atual que assolou o mundo de surpresa causando enormes prejuízos em diversas instituições financeiras, nasceu nos Estados Unidos e foi causada principalmente pela falta de credibilidade. Devido à esse fato precisamos parar para refletir um pouco e nos perguntarmos o que restou da força e do peso de um país do tamanho dos Estados Unidos após oito anos de governo dos novos conservadores. Como era o mundo antes e como está hoje? E como os demais países no restante do mundo olhavam e avaliavam os Estados Unidos e como o fazem atualmente?
Se começarmos a responder essas questões do final, ou seja, da crise financeira que assola o mundo hoje, perceberemos que há uma unânime acusação contra os Estados Unidos como causadores da crise, sendo que esse também perdeu para sempre sua posição como grande líder econômico mundial. Não somos especialistas em economia, mas os especialistas que entendem do assunto afirmam que os Estados Unidos caíram e caíram feio em função da política estúpida praticada pelo atual governo. Podemos ver que antes dessa atual crise o mundo não tinha saído completamente de outra crise mundial, a de alimentos onde o etanol era o grande vilão. Podemos observar que tanto a crise financeira quanto a crise de alimentos, assim como qualquer outra não passa de uma fase das várias faces da política dos novos conservadores que dirigiram o mundo para essa catástrofe.
Um exemplo disso é o que eles chamam de guerra contra o terrorismo, uma das bases da política praticada pelo governo de Washington e que dirigiu o mundo para mais e mais e mais terrorismo. Ao invés desse governo destruir a organização “Al Qaeda”, denominada por eles como a “cabeça do terror”, vemos que essa organização ampliou suas ações nos quatro cantos do mundo e começou a atacar tanto nos grandes centros mundiais quanto nas pequenas cidades do terceiro mundo. Após suas ações atingirem Nova York e Washington, atingiram também Londres, Madrid, Paris, Ankara, Istambul e diversas outras capitais, inclusive de países árabes.
Ao invés dos americanos extinguirem a organização Talibã, como eles haviam dito, e motivo pelo qual invadiram o Afeganistão, o governo norte-americano nomeou um governo afegão que inicou as negociações com os Talibã; em seguida os americanos admitiram negociar com o Talibã e, atualmente, o Talibã exige que essas negociações sejam diretamente com o governo norte-americano, sem que haja nenhum intermediário, nem mesmo o governo afegão, o que levou o governo norte-americano a implorar ajuda à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para o envio de tropas, de modo a garantir a estabilidade e a ordem no Afeganistão. O terrorismo, durante os últimos oito anos do governo Bush encontrou finalmente o bom clima e a terra fértil para crescer e se espalhar e, quem procurar as causas, sem dúvida chegará imediatamente a Washington, isso claro, se ele for coerente e livre de qualquer manipulação.
Então, o que restou do nome dos Estados Unidos e seu governo que desenhou suas políticas e estabeleceu guerras baseadas na mentira e na fabricação de desculpas, até que tornou a mentira a principal base da política e a verdade, se existiu, virou apenas coincidência?. Será que o mundo esquecerá como foi destruído um país e uma nação independente como o Iraque e como a desordem se espalhou nele alimentando o fanatismo religioso entre a nação, baseada na mentira de que esse país possuía armas de destruição em massa - logo em seguida veio a confissão do governo norte-americano de que o argumento havia sido fabricado e de que tudo não passava de uma mentira - e posteriormente quando o então ministro do exterior Colin Powell veio à público pedir desculpas ao mundo e ao Iraque, após a morte de mais de 1 milhão de iraquianos inocentes?
O que restou da moral de um país como os Estados Unidos quando vêm praticar a mentira de um lado e a violação dos direitos humanos de outro, de Abu Ghraib a Guantânamo e ao próprio interior dos Estados Unidos onde são praticadas a escuta ilegal e as detenções até mesmo dos próprios cidadãos norte-americanos, de qualquer origem, não somente árabes ou muçulmanos?
Cadê o símbolo da paz, liberdade e democracia que os novos conservadores do governo Bush vem levantando durante os anos passados? Onde estava esse governo vendo a paz ser assassinada na mão do terrorismo israelense e nem sequer se manifestou, embora ele estivesse adotando a causa da paz, sendo padrinho dos tratados desde Oslo até Anápolis e tantos outros que não viram a luz?.
A liberdade pela qual eles tanto se encantaram tornou-se a invasão e a colonização dos países e o cala-a-boca dos opositores até dentro da própria América, onde quem se levantou frente à ordem do governo norte-americano, foi classificado como parte do eixo do mal, como disse o próprio Bush, porta-voz dos novos conservadores: “quem não está conosco está contra nós”. Então essa é a democracia que eles querem exportar para o mundo? Fazer com que as nações apenas obedeçam as suas vontades e desejos? E quem não obedecer se transformará em terrorista e inimigo da humanidade como aconteceu com o Hamas na Palestina?
Essas são algumas das ralizações dos novos conservadores que governaram a Amércia e trouxeram para o mundo as catástrofes e desgraças atuais. Os Estados Unidos, considerados até então a nação mais forte do mundo, responsável pela segurança e paz mundiais, tornou-se a propulsora de guerras e a responsável pela desordem. Foi assim que os Estados Unidos se tornaram um grande império, um império de papel.
O governo Bush, que todos os americanos concordam que foi o pior da história da nação, fincou a base da destruição e da desgraça e contribui para que o império desmoronasse e o que nós presenciamos hoje, seja a crise política, econômica ou militar é a maior prova de que esse império ruiu o que, sem dúvida, será catastrófico para todo o mundo e levará anos para que nos livremos do seu efeito.
* Issam Dary é jornalista do Teshrin, Jornal da Síria.