*Isssam Dary
A crise financeira atual que assolou o mundo de surpresa causando enormes prejuízos em diversas instituições financeiras, nasceu nos Estados Unidos e foi causada principalmente pela falta de credibilidade. Devido à esse fato precisamos parar para refletir um pouco e nos perguntarmos o que restou da força e do peso de um país do tamanho dos Estados Unidos após oito anos de governo dos novos conservadores. Como era o mundo antes e como está hoje? E como os demais países no restante do mundo olhavam e avaliavam os Estados Unidos e como o fazem atualmente?
Se começarmos a responder essas questões do final, ou seja, da crise financeira que assola o mundo hoje, perceberemos que há uma unânime acusação contra os Estados Unidos como causadores da crise, sendo que esse também perdeu para sempre sua posição como grande líder econômico mundial. Não somos especialistas em economia, mas os especialistas que entendem do assunto afirmam que os Estados Unidos caíram e caíram feio em função da política estúpida praticada pelo atual governo. Podemos ver que antes dessa atual crise o mundo não tinha saído completamente de outra crise mundial, a de alimentos onde o etanol era o grande vilão. Podemos observar que tanto a crise financeira quanto a crise de alimentos, assim como qualquer outra não passa de uma fase das várias faces da política dos novos conservadores que dirigiram o mundo para essa catástrofe.
Um exemplo disso é o que eles chamam de guerra contra o terrorismo, uma das bases da política praticada pelo governo de Washington e que dirigiu o mundo para mais e mais e mais terrorismo. Ao invés desse governo destruir a organização “Al Qaeda”, denominada por eles como a “cabeça do terror”, vemos que essa organização ampliou suas ações nos quatro cantos do mundo e começou a atacar tanto nos grandes centros mundiais quanto nas pequenas cidades do terceiro mundo. Após suas ações atingirem Nova York e Washington, atingiram também Londres, Madrid, Paris, Ankara, Istambul e diversas outras capitais, inclusive de países árabes.
Ao invés dos americanos extinguirem a organização Talibã, como eles haviam dito, e motivo pelo qual invadiram o Afeganistão, o governo norte-americano nomeou um governo afegão que inicou as negociações com os Talibã; em seguida os americanos admitiram negociar com o Talibã e, atualmente, o Talibã exige que essas negociações sejam diretamente com o governo norte-americano, sem que haja nenhum intermediário, nem mesmo o governo afegão, o que levou o governo norte-americano a implorar ajuda à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) para o envio de tropas, de modo a garantir a estabilidade e a ordem no Afeganistão. O terrorismo, durante os últimos oito anos do governo Bush encontrou finalmente o bom clima e a terra fértil para crescer e se espalhar e, quem procurar as causas, sem dúvida chegará imediatamente a Washington, isso claro, se ele for coerente e livre de qualquer manipulação.
Então, o que restou do nome dos Estados Unidos e seu governo que desenhou suas políticas e estabeleceu guerras baseadas na mentira e na fabricação de desculpas, até que tornou a mentira a principal base da política e a verdade, se existiu, virou apenas coincidência?. Será que o mundo esquecerá como foi destruído um país e uma nação independente como o Iraque e como a desordem se espalhou nele alimentando o fanatismo religioso entre a nação, baseada na mentira de que esse país possuía armas de destruição em massa - logo em seguida veio a confissão do governo norte-americano de que o argumento havia sido fabricado e de que tudo não passava de uma mentira - e posteriormente quando o então ministro do exterior Colin Powell veio à público pedir desculpas ao mundo e ao Iraque, após a morte de mais de 1 milhão de iraquianos inocentes?
O que restou da moral de um país como os Estados Unidos quando vêm praticar a mentira de um lado e a violação dos direitos humanos de outro, de Abu Ghraib a Guantânamo e ao próprio interior dos Estados Unidos onde são praticadas a escuta ilegal e as detenções até mesmo dos próprios cidadãos norte-americanos, de qualquer origem, não somente árabes ou muçulmanos?
Cadê o símbolo da paz, liberdade e democracia que os novos conservadores do governo Bush vem levantando durante os anos passados? Onde estava esse governo vendo a paz ser assassinada na mão do terrorismo israelense e nem sequer se manifestou, embora ele estivesse adotando a causa da paz, sendo padrinho dos tratados desde Oslo até Anápolis e tantos outros que não viram a luz?.
A liberdade pela qual eles tanto se encantaram tornou-se a invasão e a colonização dos países e o cala-a-boca dos opositores até dentro da própria América, onde quem se levantou frente à ordem do governo norte-americano, foi classificado como parte do eixo do mal, como disse o próprio Bush, porta-voz dos novos conservadores: “quem não está conosco está contra nós”. Então essa é a democracia que eles querem exportar para o mundo? Fazer com que as nações apenas obedeçam as suas vontades e desejos? E quem não obedecer se transformará em terrorista e inimigo da humanidade como aconteceu com o Hamas na Palestina?
Essas são algumas das ralizações dos novos conservadores que governaram a Amércia e trouxeram para o mundo as catástrofes e desgraças atuais. Os Estados Unidos, considerados até então a nação mais forte do mundo, responsável pela segurança e paz mundiais, tornou-se a propulsora de guerras e a responsável pela desordem. Foi assim que os Estados Unidos se tornaram um grande império, um império de papel.
O governo Bush, que todos os americanos concordam que foi o pior da história da nação, fincou a base da destruição e da desgraça e contribui para que o império desmoronasse e o que nós presenciamos hoje, seja a crise política, econômica ou militar é a maior prova de que esse império ruiu o que, sem dúvida, será catastrófico para todo o mundo e levará anos para que nos livremos do seu efeito.
* Issam Dary é jornalista do Teshrin, Jornal da Síria.
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